Por Miguel do Rosário
postado em novembro 1st, 2014
PSDB pediu uma auditoria do resultado das urnas com base em “comentários nas redes sociais”.
Pois bem, o site E-Farsas descobriu que uma das denúncias de fraude mais compartilhadas nas eleições deste ano era, ela sim, uma farsa.
A fraude era uma fraude!
Viva o Brasil!
*
Texto publicado no site E-Farsas.
A fraude da fraude
Mesário de Campina Grande publica no Facebook foto provando que a urna de sua seção já estava com 400 votos a favor do PT antes do início das eleições! Será?
No dia 26 de outubro de 2014, quando ocorreu o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, uma denúncia grave foi publicada no Facebook pelo mesário Ricardo Santiago de Campina Grande (PB).
A foto publicada pelo mesário mostra o que parece ser a impressão do relatório de zerésima da urna eletrônica de sua seção, que já exibia a quantidade inicial de 400 votos totalizados para Dilma e “zero” para o candidato Aécio Neves.
A imagem com a denúncia foi compartilhada milhares de vezes nas redes sociais juntamente com inúmeros comentários repudiando o sistema eleitoral, que teria sido facilmente burlado.
O boletim da urna fotografado por Ricardo Santiago apresenta o número 16589 e o código de identificação 725.847.686.947.768.967.103.448.
Será que isso é verdade?
Verdadeiro ou falso?
Já falamos aqui no E-farsas que as urnas eletrônicas não são 100% seguras, mas para conseguir fraudar uma urna seria preciso da ajuda de muita gente (que vigia todo o processo eleitoral). No caso dessa suposta denúncia, podemos afirmar com certeza de que se trata de farsa!
Em primeiro lugar, não conseguimos localizar o usuário Ricardo Santiago no Facebook. Claro que existem homônimos na rede social, mas nenhum de Campina Grande.
O mesário, ao detectar alguma irregularidade na urna, deve avisar imediatamente o presidente da seção que aciona o diretor do local de votação e a urna é substituída ou impugnada, conforme o caso. Além disso, os fiscais de partido ficam de olho em tudo (sim, eles são paranoicos!).
Outro detalhe que chama a atenção é o fato do denunciante não ter mostrado a seção e a zona eleitoral de onde o boletim supostamente teria sido impresso. Além disso, há apenas uma foto da “prova” do crime!
Analisando a foto do impresso, podemos notar que a numeração correspondente à votação do Aécio Neves possui somente um dígito. Os demais campos numéricos possuem 4 dígitos.
O código de identificação de carga
O código 725.847.686.947.766.967.103.448 mostrado no papel impresso evidencia ainda mais a farsa, pois através desse número é possível rastrear a origem da tal urna.
Conforme especificado na Resolução 23.999 do Tribunal Superior Eleitoral, o Código de Identificação de Carga é criado no momento de configuração da Urna Eletrônica para uma determinada seção e não se repete. Caso a uma mesma urna fosse configurada novamente para ser usada em outra seção, o código já não seria mais o mesmo.
Lembrando que esse código único fica armazenado no banco de dados dos TREs, que só recebem os resultados das votações de urnas que apresentarem esse código. Essa chave é tão específica para cada urna que se o mesmo equipamento fosse configurado algumas horas antes (ou depois), seu código já seria outro!
Para evitar fraudes, o TSE disponibiliza antes das eleições uma página com todos os códigos de carga de todas as suas urnas. Em 2014, o link é esse:
Você pode ir procurando o código em todos os links, mas para facilitar a sua vida, o link correto que estamos procurando é esse aqui:
http://agencia.tse.jus.br/estatistica/sead/eleicoes/eleicoes2014/correspesp/cesp_2t_RJ_25102014153251.zip
Ao descompactar o arquivo, podemos ver que ele vem com dois documentos de texto com o mesmo teor com as mesmas informações, além de um arquivo PDF com as instruções de uso.
Na linha 27.013 de qualquer um dos dois arquivos de texto, encontramos o seguinte:
“25/10/2014″;”15:32:31″;”158″;”RJ”;”60011″;”RIO DE JANEIRO”; “252“;”93“;”1413860″;”725847686947766967103448“;”A875FD07″;”25/09/2014 08:47:00″
Explicando que os campos em negrito da linha 27.013 se referem à Zona Eleitoral 252 (Rio de Janeiro), Seção Eleitoral 93 e o código de carga 725847686947766967103448 (que é o mesmo mostrado na montagem do suposto mesário paraibano, sem os pontos!).
Bom, já descobrimos que a suposta urna adulterada estava no Rio de Janeiro, cidade que fica a mais de de 2.300 quilômetros de distância de Campina Grande!
Resultado verdadeiro da Urna
Agora vamos aos votos que o boletim de urna real gravou. O TSE também dispõe de um serviço onde você pode consultar o resultado da votação de qualquer urna do Brasil imediatamente após o término da apuração dos votos. Basta entrar aqui e filtrar os dados assim:
Turno = 2
UF = RJ
Município = Rio de Janeiro
Zona = 252
Seção = 93
Pronto! Podemos ver que os votos reais para Presidente da urna em questão foram :
144 votos para Dilma
172 votos para Aécio
Outro detalhe é que no total, foram apurados 353 votos. Muito abaixo dos 400 votos mostrados na montagem que circulou pela web.
Conclusão
A imagem que provaria uma suposta adulteração no resultado de uma urna eletrônica em Campina Grande é uma montagem feita em cima de uma foto de uma urna do Rio de Janeiro. Denúncia falsa!
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/11/01/tucanos-fraudaram-a-fraude/#sthash.pNCWmbgX.dpuf
PSDB pediu uma auditoria do resultado das urnas com base em “comentários nas redes sociais”.
Pois bem, o site E-Farsas descobriu que uma das denúncias de fraude mais compartilhadas nas eleições deste ano era, ela sim, uma farsa.
A fraude era uma fraude!
Viva o Brasil!
*
Texto publicado no site E-Farsas.
A fraude da fraude
Mesário de Campina Grande publica no Facebook foto provando que a urna de sua seção já estava com 400 votos a favor do PT antes do início das eleições! Será?
No dia 26 de outubro de 2014, quando ocorreu o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, uma denúncia grave foi publicada no Facebook pelo mesário Ricardo Santiago de Campina Grande (PB).
A foto publicada pelo mesário mostra o que parece ser a impressão do relatório de zerésima da urna eletrônica de sua seção, que já exibia a quantidade inicial de 400 votos totalizados para Dilma e “zero” para o candidato Aécio Neves.
A imagem com a denúncia foi compartilhada milhares de vezes nas redes sociais juntamente com inúmeros comentários repudiando o sistema eleitoral, que teria sido facilmente burlado.
O boletim da urna fotografado por Ricardo Santiago apresenta o número 16589 e o código de identificação 725.847.686.947.768.967.103.448.
Será que isso é verdade?
Verdadeiro ou falso?
Já falamos aqui no E-farsas que as urnas eletrônicas não são 100% seguras, mas para conseguir fraudar uma urna seria preciso da ajuda de muita gente (que vigia todo o processo eleitoral). No caso dessa suposta denúncia, podemos afirmar com certeza de que se trata de farsa!
Em primeiro lugar, não conseguimos localizar o usuário Ricardo Santiago no Facebook. Claro que existem homônimos na rede social, mas nenhum de Campina Grande.
O mesário, ao detectar alguma irregularidade na urna, deve avisar imediatamente o presidente da seção que aciona o diretor do local de votação e a urna é substituída ou impugnada, conforme o caso. Além disso, os fiscais de partido ficam de olho em tudo (sim, eles são paranoicos!).
Outro detalhe que chama a atenção é o fato do denunciante não ter mostrado a seção e a zona eleitoral de onde o boletim supostamente teria sido impresso. Além disso, há apenas uma foto da “prova” do crime!
Analisando a foto do impresso, podemos notar que a numeração correspondente à votação do Aécio Neves possui somente um dígito. Os demais campos numéricos possuem 4 dígitos.
O código de identificação de carga
O código 725.847.686.947.766.967.103.448 mostrado no papel impresso evidencia ainda mais a farsa, pois através desse número é possível rastrear a origem da tal urna.
Conforme especificado na Resolução 23.999 do Tribunal Superior Eleitoral, o Código de Identificação de Carga é criado no momento de configuração da Urna Eletrônica para uma determinada seção e não se repete. Caso a uma mesma urna fosse configurada novamente para ser usada em outra seção, o código já não seria mais o mesmo.
Lembrando que esse código único fica armazenado no banco de dados dos TREs, que só recebem os resultados das votações de urnas que apresentarem esse código. Essa chave é tão específica para cada urna que se o mesmo equipamento fosse configurado algumas horas antes (ou depois), seu código já seria outro!
Para evitar fraudes, o TSE disponibiliza antes das eleições uma página com todos os códigos de carga de todas as suas urnas. Em 2014, o link é esse:
Você pode ir procurando o código em todos os links, mas para facilitar a sua vida, o link correto que estamos procurando é esse aqui:
http://agencia.tse.jus.br/estatistica/sead/eleicoes/eleicoes2014/correspesp/cesp_2t_RJ_25102014153251.zip
Ao descompactar o arquivo, podemos ver que ele vem com dois documentos de texto com o mesmo teor com as mesmas informações, além de um arquivo PDF com as instruções de uso.
Na linha 27.013 de qualquer um dos dois arquivos de texto, encontramos o seguinte:
“25/10/2014″;”15:32:31″;”158″;”RJ”;”60011″;”RIO DE JANEIRO”; “252“;”93“;”1413860″;”725847686947766967103448“;”A875FD07″;”25/09/2014 08:47:00″
Explicando que os campos em negrito da linha 27.013 se referem à Zona Eleitoral 252 (Rio de Janeiro), Seção Eleitoral 93 e o código de carga 725847686947766967103448 (que é o mesmo mostrado na montagem do suposto mesário paraibano, sem os pontos!).
Bom, já descobrimos que a suposta urna adulterada estava no Rio de Janeiro, cidade que fica a mais de de 2.300 quilômetros de distância de Campina Grande!
Resultado verdadeiro da Urna
Agora vamos aos votos que o boletim de urna real gravou. O TSE também dispõe de um serviço onde você pode consultar o resultado da votação de qualquer urna do Brasil imediatamente após o término da apuração dos votos. Basta entrar aqui e filtrar os dados assim:
Turno = 2
UF = RJ
Município = Rio de Janeiro
Zona = 252
Seção = 93
Pronto! Podemos ver que os votos reais para Presidente da urna em questão foram :
144 votos para Dilma
172 votos para Aécio
Outro detalhe é que no total, foram apurados 353 votos. Muito abaixo dos 400 votos mostrados na montagem que circulou pela web.
Conclusão
A imagem que provaria uma suposta adulteração no resultado de uma urna eletrônica em Campina Grande é uma montagem feita em cima de uma foto de uma urna do Rio de Janeiro. Denúncia falsa!
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Irineu Fernandes · Top Commenter · Engenharia mecânica
Confere. A urna é mesmo do Rio. Abri o arquivo usando o Bloco de Notas. A acusação de fraude é uma fraude.
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